Márcio Coutinho, especialista em Direito Eleitoral, analisa que a inelegibilidade por abuso de poder, sob o Novo Código Eleitoral, ganhou contornos mais definidos, o que reforça a importância da atuação preventiva e técnica no âmbito das campanhas políticas. A consolidação legislativa buscou uniformizar critérios e preencher lacunas que, anteriormente, geravam interpretações divergentes nos tribunais. Dessa forma, práticas como abuso de poder político, econômico ou religioso passaram a ser avaliadas com mais objetividade e previsibilidade.
Esse avanço normativo, contudo, impõe também maior responsabilidade aos candidatos e partidos, que devem redobrar os cuidados com a legalidade de seus atos durante o período pré-eleitoral e eleitoral. Condutas antes toleradas pela ausência de normatização clara, agora podem configurar hipóteses de inelegibilidade, com impactos diretos no registro de candidatura e na diplomação dos eleitos.
Conceitos e fundamentos da inelegibilidade por abuso de poder
Márcio Coutinho comenta que a inelegibilidade por abuso de poder tem como fundamento proteger a igualdade de condições entre os candidatos e preservar a legitimidade do processo eleitoral. O Novo Código Eleitoral manteve essa diretriz, mas aperfeiçoou a redação dos dispositivos legais, trazendo maior precisão conceitual e delimitando de forma mais clara o que caracteriza o abuso.
Entre os exemplos mais recorrentes, destacam-se o uso da máquina pública para promoção pessoal, a destinação irregular de recursos públicos com fins eleitorais, o favorecimento religioso por lideranças com grande influência sobre o eleitorado e a utilização de meios econômicos desproporcionais para desequilibrar a disputa. Cada uma dessas práticas, quando identificada e comprovada, pode resultar na declaração de inelegibilidade por oito anos.
Jurisprudência e mudanças interpretativas no Novo Código
Márcio Coutinho ressalta que a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral já vinha reconhecendo diversas hipóteses de abuso, mas com decisões muitas vezes pautadas em circunstâncias específicas e lacunas legais. Com o Novo Código Eleitoral, essas hipóteses foram sistematizadas, o que facilita a aplicação uniforme da lei e proporciona maior segurança jurídica aos atores políticos.

Ainda assim, o papel do advogado eleitoral permanece central na análise de condutas de risco e na elaboração de estratégias preventivas. É essencial compreender as novas interpretações e estar atento aos precedentes atualizados, uma vez que o contexto político, social e midiático pode influenciar significativamente na caracterização ou não do abuso de poder.
Condutas de risco e medidas preventivas
Márcio Coutinho observa que, para evitar a inelegibilidade por abuso de poder, é necessário que candidatos e partidos adotem uma postura rigorosa de conformidade legal durante todas as fases da campanha. A atuação do advogado eleitoral inclui o acompanhamento de eventos públicos, análise de discursos, revisão de materiais de campanha e fiscalização das redes sociais para identificar ações que possam ser interpretadas como abusivas.
Também é recomendável manter registros detalhados de todos os atos de campanha, contratos e prestações de contas, pois a transparência documental pode ser decisiva em caso de eventual questionamento judicial. A atuação preventiva é sempre mais eficaz do que a defesa reativa, especialmente diante de sanções tão severas como a inelegibilidade.
A relevância da atuação jurídica no cenário atual
Márcio Coutinho aponta que o tratamento da inelegibilidade por abuso de poder, com as novas diretrizes trazidas pelo Novo Código Eleitoral, exige do advogado não apenas domínio técnico, mas sensibilidade para identificar riscos em um ambiente político cada vez mais judicializado. A atuação jurídica bem orientada pode evitar impugnações de candidaturas, perda de mandatos e danos irreversíveis à imagem do candidato.
Em conclusão, Márcio Coutinho elucida que o rigor normativo deve ser compreendido como um avanço institucional, capaz de fortalecer a integridade das eleições. Cabe ao advogado eleitoral orientar e proteger seus clientes com responsabilidade, garantindo que a disputa ocorra dentro dos limites legais e democráticos.
Autor: Kendall Stars
As imagens divulgadas neste post foram fornecidas por Márcio Coutinho, sendo este responsável legal pela autorização de uso da imagem de todas as pessoas nelas retratadas.