Sinais da crise econômica mundial vem surgindo por todos os lados desde o início da pandemia do Covid-19: aumento da inflação, custo de vida mais oneroso, políticas fiscais sendo revistas e incertezas na economia que se arrastam assim como a guerra na Ucrânia.
É quase automático ler as notícias sobre a atual desaceleração na economia global e lembrar dos traumas vividos em crises anteriores, como a de 2008. A falência do Silicon Valley Bank (SVB), por exemplo, colocou em questão a saúde financeira dos bancos tradicionais, digitais e demais fintechs.
Segundo o ranking do Banco Central do Brasil, o Nubank é o 5º banco do país com maior número de clientes em 2022. Um banco digital que, assim como seus semelhantes, vem disputando cada vez mais em pé de igualdade contra grandes players do mercado financeiro, como Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Banco do Brasil.
Mas como podemos interpretar esse tipo de informação? Se os bancos digitais estão fidelizando mais clientes, então não estão suscetíveis aos efeitos da crise global? Quais são os riscos e as oportunidades que essa nova geração de fintechs oferece aos clientes de conta digital?
Respondemos a todas essas dúvidas com a ajuda de especialistas em economia e pesquisas que auxiliam o brasileiro a entender melhor o passado e o futuro dos bancos digitais, confira!
Um passado não muito distante: entenda a crise de 2008
E vamos de túnel do tempo: final da década dos anos 2000 e o mundo estava enfrentando a maior crise econômica mundial desde a Segunda Guerra Mundial.
O ano de 2008 entrou para a história marcado pela quebra de grandes bancos tradicionais e alta taxa de desemprego que, em resumo, foram causados pela bolha imobiliária norte-americana.
A concessão de empréstimos de alto risco a pessoas que não tinham renda suficiente para quitar a dívida resultou em um grave desequilíbrio no balanço dos bancos nos Estados Unidos, que já não tinham mais dinheiro em caixa para manter suas atividades e geraram a queda na bolsa de valores naquele ano.
O caos que se instalou no mercado financeiro norte-americano deixou algumas lições que estão sendo aplicadas até hoje. A crise de 2008 levou a uma maior regulamentação do setor bancário, incluindo a implementação de regras mais rigorosas para empréstimos e aprimoramento das práticas de gestão de risco, tanto para os bancos tradicionais quanto para os digitais.
No Brasil, houveram problemas pontuais em alguns bancos no auge da crise de 2008, mas que foram capazes de serem contidos pelo monitoramento do Banco Central do nosso país.
“Por causa da tendência dos nossos bancos de serem mais conservadores em suas finanças, tivemos uma exposição muito pequena a todo aquele tipo de ativos que geraram a crise financeira internacional em 2008”, diz Daniel Vasconcelos, economista e professor do departamento de economia e Relações Internacionais da UFSC.
2023 e um começo difícil para o mercado financeiro
Aceleramos nossa linha do tempo e chegamos aos tempos atuais. As incertezas na economia mundial cresceram com os impactos econômicos da pandemia do Coronavírus, a guerra na Ucrânia e a falência do SVB. Vamos revisar cada um desses pontos agora!
Efeitos da pandemia do Covid-19
Se conseguir investimentos já era uma das maiores dificuldades das fintechs brasileiras antes da pandemia, os diversos lockdowns para impedir a disseminação do Covid-19 complicou ainda mais esse cenário.
Obter linha de crédito se tornou algo mais raro e escasso, uma vez que o sistema internacional estava fugindo de riscos e o comportamento do consumidor se tornou mais conservador em termos de finanças.